segunda-feira, março 7

"Não creio possuir as habilitações para falar de um tema que envolva a Mulher, quanto mais um que comece e termine nela.
Esta situação decorre da minha experiencia relativamente a este assunto. E essa situação decorre, por sua vez, creio eu... Não, disto tenho a certeza, decorre de uma enorme parcialidade para com a mulher. Talvez ainda diga mais.
A Mulher e todo o universo que a envolve exercem sobre mim o fascínio que me retira a objectividade de análise. Daí o esboço do que seria a construção última deste artigo, e que estava definido, escrito e
arrumado, se tornou uma adequada e amarrotada bola de papel, remetendo-a eu ao seu lugar de direito, ou seja, o lixo.
A leveza irónica, polvilhada de um humorismo falhado, com que eu propunha abordar esta temática que aqui debato era não só desprovida de todo e qualquer talento, como também, sendo este o aspecto mais grave, era ofensiva.
Ainda que mais ninguém o considerasse, bastaria a minha pessoa para que, sempre que recordasse ou relesse o artigo, me confrontasse com nada menos do que mediocridade.
Não creio portanto, que estejamos em posição de abordar, nos tempos que correm, um assunto tão importante como a Mulher com a leviandade com que eu ia faze-lo.
O problema é que também não quero imprimir, a esta nova face do que pretendo dizer, a arrogância de uma afirmação prepotente. Por isso principiei para vos comunicar que, antes de especialista que jamais serei, sou um admirador e fascinado incondicional.
Ao invés de muitos homens, o medo do desconhecido que a Mulher me imprime na mente e no corpo não me obriga a rejeita-la ou a inferioriza-la de qualquer modo. Pelo contrario, impele-me a querer descobrir e a penetrar cada vez mais esse desconhecido.
É claro que esta busca não se faz sem efeitos colaterais! Ainda que admire a Mulher como a deusa que a minha faceta agnóstica não me permite admirar em mais nenhum outro panorama, reconheço-lhe as falhas, as da sua humanidade.
No entanto, não me desencanto quando com elas me confronto, pois por cada falha humana que detecto desvendo uma multiplicidade de características divinas que me tornam crente.
Todavia fazer o elogio do divino na Mulher, sem lhe notar falhas,
contribuiria para a macular, criando mais uma divindade despótica e disso está o universo olímpico repleto

Há pois, algo que me atormenta na crescente relevância conquistada pela Mulher, nos vários papéis por si ocupados – e não a própria relevância que alcançou.
Esse fenómeno deixa-me satisfeito e nele deposito sérias esperanças da mudança que considero imprescindível para a divergência dos padrões de humanidade que nos vemos todos a escolher, no rumo que nos vejo tomar dia a dia.
O que me preocupa então?
Preocupa-me ó deusa, ver-te usar dos mesmos mecanismos que aqueles que te subjugaram durante tanto tempo usaram para nos conduzir até aqui, à beira do abismo.
Precisamos de Mulher com poder, do poder das mulheres.
Creio que todos os que procurem sair das trevas da ignorância em que se encontram, compreenderão isto um dia.
Mas o que será fatal para esses e para todos é que a Mulher cometa o pior erro de todos, aquele de que, acredito não podermos recuperar.
Quero uma Mulher que seja a Mulher com poder. Não uma Mulher que pretenda ser um Homem com poder. Será o acabar da Deusa.
E esse é o caminho do fim.
Por enquanto, vou assistindo como espectador e como interveniente, a algumas situações que me perturbam. Mas tenho esperança, só posso ter.
Porque esperança?
De que serve?
Porque a possuo?
Neste mundo tantas vezes negro e sem caminhos, onde a vislumbro?
No grande mistério. Não esse. Não para mim, pelo menos.
A morte como o grande mistério caiu, para ser sucedida, nesse até agora trono maldito, pela vida.
É em como manter o corpo e a mente unidos sem nos despedaçarmos a cada passo dado que reside o grande mistério
E a Mulher, é ela que gera e me dá a vida, permitindo-nos ou condenando-nos a ela.
A Mulher tem a chave em si mesma, encerrada na sua essência, espalhada no seu gesto, a chave da compreensão e da verdade, o caminho do divino.
Urge, portanto, compreender e venerar a deusa."

By Ibero Martins

Vamos lá Mulher! Não se percam em cantigas e festivais de vida, a importância que vos é conferida é única e só atinge o seu auge quando esse mesmo poder é jogado de forma limpa e nítida.

Imaginem-se a tomar qualquer decisão sem antes terem de fazer qualquer tipo curta ao raciocínio próprio e as decisões que na maior parte das vezes tendes que tomar.

Simplesmente amem e abusem daqueles que Vos amam.


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