sexta-feira, julho 18



No frio das horas volto costas aos ponteiros. Pego nas canas, nos números e nas pedras que contam o tempo e embrulho tudo com um papel fino, feito com pedaços de saudade e de seda.
Agarro o sol que lá rasga as nuvens, e coloco-O debaixo dos pés patinando no calor que só a mim me cabe, só para mim serve e só mesmo a mim interessa.
Os minutos são agora paisagem, os segundos uma miragem, e os números de data transformam-se em simples desenhos de agenda sem ordem, em grandes símbolos sem compromisso ou um pouco de vento.
O tempo não tem cheiro, não tem cor, não tem toque, não tem som. Tem sim o passado o presente e o futuro, o descabido que lhe valha ou o sentido que sempre lhe calha.
É escravo e não detém qualquer liberdade por posse adquirida. Está constantemente a ser contado ou julgado, usado ou planeado, enfim...
Entre o céu e a terra habita também o tempo que carrego no pulso através de engenhos sempre contemporâneos mas no fim, entre o tempo que conto e qualquer fórmula de O observar encontro um formato para o meu tempo.
Mutação ou constante movimento?

A seda e a saudade em pedaços, dão embrulho ao tempo. Colocam as pedras no seu lugar e os números também.
Agora encosto as canas numa espécie de base onde os ponteiros contam o famoso tempo que simplesmente me limito a festejar.

terça-feira, junho 17


O bailarico mental está montado!
A adjudicação da minha ordem quer parecer-me difícil e, ao mesmo tempo, tão carnal que se torna estupidamente fácil, de rasteira inusitada com um certo quê de perspicácia à mistura.
Mas será que ainda mando?
Toquei no passado, arrisquei sem pudor, sem choro, um pensar,  e até um não hesitar e por isso aqui passo.
O pensamento cansado e as tentativas por algo a descobrir ou simplesmente a recordar, não me trazem ainda nos dias de hoje, qualquer arrependimento. Só mesmo aquele saudoso estar ora inseguro ora poderoso que me suja a preguiça e me reforça com iniciativas já adultas e puramente fantasiosas.
Os copos copinhos, pergaminhos mirabolantes, o calor, o exótico, esse lábio, aquele olhar, a transformação do crescimento e anos que passam… são coisas fartas, que cabem num bolso de memórias e me dão significados sem par. São razão, são paixão, são um corpo presente que na membrana deste toque se põem à vista. São pois, “animalices” com que pinto fotografias dentro de mim ocupando-me assim de um tempo indeterminado.
Que venha o ódio ou aquele belo sentimento carnívoro tão estranho quanto o pecado, daquela que me parece estranha mas que não o é. Aliás, nada estranha quanto o pecado que tento justificar.
Peco com a alma estatelada num vazio e toco com a fantasia quando me lembro que brincar com o passado é o mesmo que brincar sob brasas cintilantes espalhadas pelo chão.
Tudo é vácuo, tudo é sonho… é desejo que na verdade nunca joguei porta fora e o tempo foi uma forma bem equacionada para medir a duração de algo. 

"O tempo não é senão a condição subjectiva sob a qual as instituições são possíveis em nós"
                                                                                                                                                  Kant


quinta-feira, março 27


Hoje temos mais um Dia Mundial do Teatro.

Vale a pena recordar mais do que nunca no dia de hoje, que a cultura em Portugal anda de braços dados com toda uma conjuntura desconstrutiva da nossa identidade enquanto património.
Mais do que a política, a cultura configura um lugar importante naquilo que fomos e somos, naquilo que queremos e não queremos, por onde andamos e por onde não queremos andar.

O Teatro é arte, é voz e manifesto. É sem dúvida um bem social para qualquer sociedade.

O Palco é mudo e surdo. 
Frenético, dramático e luxuoso.
É uma mistura de vozes e silêncio.
É coisa séria mesmo quando se brinca.
É felicidade quando neste se brilha.
É prazer no rir e no chorar.
É quente, sempre aclamado.
Intemporal, familiar e intimo.
É uma mistura de emoções.
Um disfarçar de reacções.
É uma interrogativa,
Quando no fim uma exclamativa!
Teatro é assim,
Teatro enfim. 

Francisco Cláudio

Não deixem de saber mais sobre este dia e onde podem assistir a uma peça de teatro com entrada livre.

“O prazer é a mais nobre função da atividade teatral.”  (Bertolt Brecht)

                               Dia Mundial do Teatro: AgendaLX

sábado, janeiro 18


A propósito do referendo para co-adopção por casais homossexuais... 
Palavras para que vos quero! 
O poder desta profissão, politico, dá de direito o que convém a quem desempenha estas funções. 
Estou para ver quando irá haver um referendo no país que discuta a privatização desta ou daquela empresa do estado ou um referendo que ponha a olho nu o que pensam os portugueses desta cambada que habita a casa da democracia.
Para quando um referendo para nomeações nos quadros do estado e função publica quando se trata de quadros superiores?
Para quando um referendo sobre os parceiros com que o pais se endivida?
Para quando um referendo que leve as pessoas a manifestarem-se se querem uma politica brutalmente direccionada para os mercados ou simplesmente direccionada para os seus cidadãos?
Para quando um referendo sobre a real função do estado (presidência e governo) nomeado por todos nós?


"Fugir a uma decisão e impor outra pela força não fica bem a um partido que tanto fala em liberdade."