segunda-feira, janeiro 12


Cresci eu num “Ribeiro dos Cabeçudos” de seu nome, ladeado de campos vastos de oliveiras, noutra época queimadas por tamanha parvoíce nas brincadeiras que íamos tendo… Triste confesso!

Esses campos molhados e estreitos em forma de mar em banda desenhada, serviam de campo de armas, campos de batalha pois por aposta ou simplesmente gozo de infância, apanhávamos cada jantar de rebeldia, cada bicho por mais estranho que fosse que nem tudo quero lembrar… Cultivávamos em nossos quartos um galinheiro que acolhia de tudo menos galos e galinhas.

Pois bem uns quantos nomes lá da Quinta!!!!

Pato-Bravo, Rãs, Sapos, Cágados, Lagartos, Cobras, Gafanhotos, Gambozinos, Pardais, Lagartixas, Ratos, Ratazanas, Lagartas!!!! Muita coisa porém…

Mas na verdade só um se destacava… Por sinal era talvez o que mais sofria.

Era um misto de pancalismo e gozo que tirávamos daquele recreio, daquela natureza! Era verde no rio e castanho nos laranjais do nosso espaço.

Era o Sapo! Era o Sapo, aquele verde de outras almas que mais brilho me dava.

Periodicamente lembro a viscosidade daquela pele, a boca que corria de lado a lado chapada no corpo pequeno ao sol.

Adoro vê-los saltar fazendo-me lembrar o Charlie Chaplin de outros tempos!...

Já agora “Ribeiro dos Cabeçudos” é nome devido aos Peixinhos Cabeçudos que habitavam o rio que tínhamos em casa, na Quinta.

Mas voltemos às jóias verdes que coaxam sem par e que me lembram também a primeira noz do ano quando se parte.

É lindo ver um sapo com a cabecinha fora de água a cantarolar ou quiçá, a galar uma fêmea qualquer. As bolhas que da respiração cuidada saem… sim porque na água são peixes autênticos, são lindas e únicas… ali existe vida! Penso eu!

Quero com isto acalmar outros ânimos e pensar que também eu sou um sapo que para aí anda…

È lindo a liberdade e a ingenuidade com que estes seres se movimentam, fartei em terras de sua majestade (na Quinta), de me cruzar com os mesmos…

Alguma vez vos apareceu um “sapixo” aos pulos no meio da estrada? Enquanto nós damos um passo eles dão dois no ar claro. Podemos até deitar-nos ao lado deles!

Enfim neste momento sinto-me num sapo, por tudo o que representam e porque preciso do tal beijo! Mas quero ser a darJ!

Quero poder sentir-me ingénuo e na mesma lutar por aquilo que é mais importante para mim. Afinal não existe nada mais bonito que o Amor natural que se arrasta com força e nos obriga a aprender todos os dias. É saudável!

O ser Sapo não é dar brilho a quem lhe toca mas sim viver bem e sempre ao lado de quem amamos de verdade. Só assim podemos ser o sapo de alguém, caso contrário, seremos aquela coisa nojenta a que chamamos de Paixão…

Diz um lema de Salamanca (Norte de Espanha), que quem se cruza com um Sapo na rua terá anos de sorte e quem o usa uns mil de azar!!

Se a sorte no amor tarda em aparecer, então é hora de nos agarrarmos às experiências conhecidas, aprender, melhorar e perdoar…

Beijos e abraços**** e claro bom ano… para variar!

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