Quinta Braancamp - Barreiro.
A falta de estima por lugar como este é simplesmente devastadora.
A fotografia saiu-me em silhueta, desprovida de cor e imenso branco para pintar e sonhar.
É mesmo um paraíso, um património de nobres falecidos de alguma coisa!
Sei de quem é este monte gigante que tanto acumula histórias como acumula entulho. Neste lugar onde entrei sem qualquer reserva talvez por coexistir com o abandono patrimonial que vejo na urbanização em que vivo, impressionei-me com fantasias e claro, tinha de entrar e fazer uns cliques. Qualquer mortal queria ali viver se isso lhe fosse permitido.
Desencorajo-me quando o destino desta esbelta Braancamp mais parece estar traçado para o seu desaparecimento. Acredito que poucos anos bastam para sabermos qual o desfecho de toda aquela construção que em tempos longínquos criara bichos da seda para muito têxtil e ainda fazia suar a todo o vapor uma indústria com larga escala de cortiça, actividade esta que abonava por estas bandas e que hoje os caminhos escolhidos foram matando.
Uma quinta que vive agora o seu quarto século vai colecionando betão parecendo-se mais com uma pedreira e uns montes de erva. É profundamente intrigante deparar-me com o abandono abusivo que existe dentro das cidades em lugares que são portadores da identidade de um povo, da sua cultura, saberes e conhecimentos. O património cultural é assim condenado pelo próprio proprietrio, donos tipo barrigudos do capitalismo.
Já existem estudos, debates, conversas com a política e opiniões diversas que elevam este grande canto do Estuário do Tejo a um património de interessa geral mas parece que o BCP (actual proprietário) não tem qualquer projecto para esta quinta, a não ser o sau deterioração.
Tal património que é de privados, um banco neste caso, está condenado a lágrimas de cimento e muita pedra!
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